Fiel à sua obra mais lida e refletida hoje pela raça humana, diante do nosso destino climático, o historiador e escritor israelense Yuval Harari, autor de Sapiens - Uma breve história da humanidade, Homo Deus e 21 lições para o século 21, não deixou por menos em sua recente passagem pelo Brasil.
Segundo ele, a questão ambiental não será mais uma causa reservada à atuação dos ambientalistas, mas sim de toda a humanidade, seja ela cética ou não aos avisos da natureza, cada dia mais visíveis, violentos e destrutivos na nossa realidade cotidiana.
Nós já somos ou nos tornaremos cada vez mais ambientalistas, que é o outro nome de refugiados ambientais. E isso não por ideologia política ou cultural, mas por uma questão de sobrevivência comum.
Essa é a democracia das forças da natureza, ao responderem ao seu modo – universal e apoliticamente – ao que continuamos a fazer com ela, por ignorância, covardia e brutalidade. Vide os africanos fugindo do meio ambiente que eles mesmos destruíram e hoje não têm mais o que comer nem beber.
Vide os brasileiros e a sua pátria amada que, este ano, em comparação com novembro de 2018, continuam devastando e permitindo, em dobro, o corte de milhares de árvores gigantes na Amazônia. Ou seja: seguindo o rastro criminoso do “Dia do Fogo”, que colocou a floresta em chamas. Certamente, teremos menos verde, menos água, um novo deserto e futuros refugiados ambientais pela frente.
A nova centralidade mundial chama-se migração, meio ambiente e sustentabilidade econômico-social, e não o contrário. O discurso antigo dos políticos, de que temos de salvar primeiro a humanidade e só depois o planeta e a sua natureza, não tem consistência. Não é ecológico. É um discurso populista, vazio de sustentabilidade e de expectativas de um futuro realmente melhor.
Não há outra saída para o Homo sapiens de Harari. Ou ele se torna ecologicamente sábio, e salva a natureza que o criou e sustenta até hoje, ou será extinto. Nem o planeta, em pouco tempo cósmico, que é o tempo da natureza, terá registros da breve e suicida presença humana em sua crosta.
Não vamos longe não. É esse perigo constante que recordamos nas “Páginas Verdes” desta edição, com o sociólogo e cientista político Sérgio Abranches. É “a fé e amor” ao povo que, in memorian, Dom Serafim nos ensina a acreditar, mesmo após a sua morte recente. É a esperança solar, enfim, que vem do céu e se instala entre nós, particularmente no sertão quase virando deserto no Norte de Minas, na forma de placas fotovoltaicas – também assuntos desta nossa edição.
Nem tudo está perdido, caro irmão e irmã sapiens. Estamos todos no mesmo e democrático Homo Barco: “Sem direção...”, como naquela canção do Skank. Basta virarmos remos.
Boa leitura!
Até o dia 12 de dezembro, último dia de Lua Cheia do ano.